“As empresas mais ricas são as de tecnologia: Google; Facebook; Amazon; Tesla. A razão pela qual elas são as mais poderosas do mundo é porque no ano passado dados superaram o petróleo em valor. Dados são os recursos mais valiosos na Terra. E essas empresas tem explorado os recursos das pessoas.”
Essa afirmação é de Brittany Kaiser, ex-analista da Cambridge Analytica (CA), no documentário Privacidade Hackeada (The Great Hack) disponível na Netflix.
Através do seu relato e de outros, conhecemos os bastidores da venda de dados de usuários do Facebook por empresas para fins políticos. Informações privadas e serviços privilegiados que culminaram em “vitórias” eleitorais suspeitas.
Numa piscina na Tailândia ou no Burning Man, ela explica como a máquina de propaganda da empresa funcionava para Trump e outros. Uma personagem que não parece afetada com o escândalo que levou Mark Zuckerberg ao congresso americano e pagar multa de bilhões (depois de faturar bem mais?).
O curriculum dela que trabalhou nas mídias sociais da campanha de Obama; viajou mundo pela ONU e transitava nos bastidores da geopolítica virtual; conquistou Alexander Nix (CEO da CA) que “minerava” potenciais eleitores digitais para Donald Trump enquanto “difamava” a adversária Hillary Clinton.
Os fatos mostram que no mercado de dados não existe ideologia (nem ética).
É a jornalista Carole Cadwalladr (The Guardian), investigando atuação da CA na votação Brexit, que junta as pontas e nos apresenta os “delatores” da história já conhecida porém que incomoda o público ao se reconhecer vulnerável.
Os ex-funcionários explicam como informações de usuários e seus contatos são coletados sem consentimento através de formulários, quizzes e apps. Posteriormente transformadas em “personas” (localização e preferências) que recebiam posts potencializados favoráveis para o candidato desejado.
Anúncios “disfarçados de notícias” pagos ao Facebook para converter eleitores.
Modus operandi seguido por outros candidatos presidenciais em diversos países. No Brasil, denúncias similares de empresas impulsionando fatos falsos pelo WhatsApp e conversas vazadas entre procuradores e juízes no Telegram revelam a tecnologia utilizada para criar um “mundo virtual” moldado a interesses ilícitos.
No final o filme questiona: todos podemos ser rastreados ou manipulados?
No mundo onde a privacidade online já é uma utopia e fake news são disseminadas como verdades absolutas, sair da bolha e enxergar além da tela é o desafio.
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