Mãe italiana. Pai irlandês. Nascido nos Estados Unidos. Criado para fugir.
Quando um grande músico e cronista decide escrever sobre sua trajetória de vida e carreira, somos levados numa envolvente e emocionante jornada em busca de afirmação, de um som, de uma banda, de um amor, de sobrevivência e do sucesso.
A eterna busca pela identidade, contada de coração aberto, nos é relatada pelos dias de glória e dias de luta cruzando a America de costa a costa. As experiências pessoais de um rockeiro se misturam com as transformações do país e sociedade.
O garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones, só queria uma guitarra. Ao conseguir, encontrou o caminho para fugir da vida suburbana pré-estabelecida, do pai problemático, do preconceito ao rock, da guerra no Vietnã, dos bares vazios de New Jersey, do que as gravadoras queriam e dos próprios medos.
O palco virou sua moradia, os parceiros musicais sua família e a estrada sua rotina.
Fazer músicas a partir do que testemunha representando o pensar de uma geração não é um talento natural. Foi muito suor e dedos machucados por alguns trocados até o primeiro hit, contrato para gravação e formação da E Street Band.
“Só tinha o meu talento. Não era um gênio inato. Teria de tirar o melhor proveito do que tinha – da minha astúcia, das minhas capacidades musicais, da minha habilidade para fazer boas performances, do meu intelecto, do meu coração, da minha força de vontade -, noites a fio, forçando os meus limites, trabalhando mais intensamente do que os outros, só para sobreviver sozinho no mundo em que vivia. Com 23 anos eu ganhava a vida tocando música!”

O conflito de gerações, a segregação racial, a luta de classes, as guerras “patriotas”, as desilusões amorosas, os atentados terroristas e as feridas de um povo pelos olhos e palavras de quem compartilha dores internas semelhantes.
A personalidade centralizadora nas decisões da carreira, bem como o comando de uma grande e eclética banda, contrastam com os receios da vida em família com a parceira Patti e os filhos. A distância dos palcos e estúdios o transformava. Os fantasmas do passado e inseguranças futuras expostos em detalhes.
A formação, separação e reunião da E Street Band são destaques com relatos amorosos e respeitosos a cada integrante. Além do perfeccionismo na produção dos discos e o seu processo de composição que mostram os bastidores de uma longa e prolífica carreira num estilo musical em decadência de popularidade.
Dividido em três partes com crônicas temáticas, a autobiografia é um forte e belo documento de memórias. Contadas por quem tem talento para escrever e honestidade para abordar brigas profissionais, casos amorosos, separação, depressão, problemas mentais paternos, e principalmente amor pela música.
Revelações que descem o astro do olimpo do rock e nos torna mais fãs.
“É claro que todos nós crescemos, e sabemos que é “apenas rock’nro’ll”… mas não é. Após passar toda uma vida observando um homem que, noite após noite, realiza milagres para você, isso se parece muito com amor.”
O cara que toca Raul e canta em português para conquistar o público brasileiro.
O líder que compartilha suor e lagrimas a cada show com os novos e velhos seguidores. Um patrimônio americano. Uma lenda internacional do rock.
O homem na estrada. Bruce “The Boss” Springsteen.
Eu não sou fã de carteirinha do Boss, mas ele tem uma voz que o faz ser único, bem como uma capacidade musical impressionante. Além, é claro, de uma das músicas mais icônicas já escritas, em qualquer parte do mundo! Ele tem o meu maior respeito. Valeu pelo texto, Bruno.
CurtirCurtir