“A entrada das mulheres num território essencialmente masculino como o da tecnologia parece estar ameaçando os homens.” – Angela Saini
A jornalista britânica especializada em ciência, em entrevista a Revista Veja, questiona teses científicas que atribuem às mulheres características biológicas ou comportamentais desfavoráveis em relação aos homens. Darwin errou rude?
No livro How Science Got Women Wrong, ela confronta uma vertente da neurociência propagadora da ideia que o cérebro das mulheres e dos homens são diferentes. Um teria mais facilidade em exercitar a empatia e se expressar, enquanto o outro teria mais aptidão para analisar sistemas, por exemplo.
Por isso, existem poucas mulheres na tecnologia?
Sendo desenvolvedor de sistemas, sempre tive colegas mulheres nas empresas que trabalhei e onde estudei. Apesar de em menor número, desempenham funções diversas com total capacidade, desde programadoras até gestoras de projetos.
Inclusive, o poder de concentração da maioria delas é admirável ao contrário de muitos homens que não sabem se programam, discutem futebol ou escutam rock. Acredito que a criatividade e sensibilidade femininas ajudam em profissões como web designer, por exemplo. Os melhores que conheci eram mulheres.
Fato que gera piadas com a masculinidade dos homens que escolhem essa carreira. Obviamente por esse pré-conceito que mulheres lidam melhor com arte e photoshop e homens lidam melhor com lógica de programação, hardware e redes.
“Só 17% dos programadores no mercado brasileiro de TI são mulheres. Elas ganham 30% menos que homens no mesmo cargo e com a mesma escolaridade.” – (Época Negócios, 2015)
Segundo Saini, no campo cerebral é mínima a diferença entre os sexos e ocorre em habilidades muito específicas, como: raciocínio matemático e fluência verbal. Porém Darwin decretou a inferioridade intelectual das mulheres sem considerar o contexto social e cultural em que elas estavam inseridas no século XIX, quando não tinham acesso à educação e nem podiam ter uma carreira nas ciências.
Portanto, a presença das mulheres nas tecnologias e ciências é uma questão cultural desigual e não uma capacidade técnica inferior proveniente de genética.
A evolução das espécies necessária é comportamental, criando uma ambiente igualitário e atrativo para mulheres prosseguirem na carreira científica.