A cena que o símio Caesar fala “NÃO!” pela primeira vez, impedindo que um humano o machuque, é uma das mais memoráveis do cinema nos últimos anos.
Naquele momento, percebemos que não estávamos diante de um filme hollywoodiano qualquer que cairia no esquecimento quando a pipoca acabasse.
Porém, diante de um espelho para nossa humanidade através de uma franquia reinventada com Planeta dos Macacos: A Origem (2011), seguida por Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) e concluída com Planeta dos Macacos: A Guerra (2017).
A distopia de macacos inteligentes dominando humanos como cobaias e escravos, apresentada no livro de Pierre Boulle e popularizada com o cinema, questiona inteligentemente: o que é ser humano? a capacidade de falar e raciocinar nos define?
Na nova trilogia, a tecnologia de captura de movimento e computação gráfica veio substituir as fantasias e maquiagens dos atores contribuindo para a imersão no mundo dos símios e servindo a narrativa que conta a origem do planeta dos macacos.
A busca pela cura de doenças como o Alzheimer leva a experiências falhas que disseminam um vírus que evolui os símios ao mesmo tempo que involui os humanos. Partindo dessa (r)evolução, somos apresentados a questões como organização em sociedade e política, amor e tolerância aos diferentes, paz e guerra entre espécies.
O confronto entre os símios Caesar e Koba no segundo filme polariza os sentimentos perante os humanos ainda dominantes. Pois o primeiro conheceu o afeto e um lar ao ser criado por um cientista como um humano, ao contrário do segundo que conheceu a repreensão e maus tratos ao ser criado em um zoológico como uma besta.
Caesar acredita que a paz é possível e sua liderança é testada com os conflitos internos dentre os seus, resultando nos conflitos externos do último filme. A Guerra.
O capitulo final da trilogia é um retrospecto sombrio dos erros humanos, contendo referências explicitas: a escravidão com trabalho forçado e chicotadas; o holocausto com campo de concentração; políticas separatistas com construção de um muro; genocídio de povos; e até Jesus Cristo com um líder pacifista crucificado.
Sinistro mas belo em suas reflexões e execução técnica (atuações e tecnologia). Construindo uma tensão narrativa do inicio ao final que busca uma esperança dentre as ruínas da guerra, representada pela menina sem voz e o filhote símio.
Espécies diferentes em busca de sobrevivência unidas pelos erros de seus ancestrais.
Atualmente, a inteligência artificial e os robôs são questionados sobre autonomia. Da mesma maneira que a revolução das espécies e povos é algo constante na história da evolução (ou involução) da humanidade. O homem cria seu próprio inimigo?
Fica a questão para reflexão que os filmes deixam. Afinal, somos todos macacos?
Ainda tenho que assistir A Guerra, mas os dois primeiros são realmente espetaculares! Valeu pela resenha tripla.
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